segunda-feira, abril 10, 2006

Orgulho vende aonde?

Orgulho? Vende aonde?

Okay, como tudo já passou, agora eu conto. Semanas atrás, estava eu assistindo ao Programa do Jô, onde um urologista dava uma entrevista deveras bacana (adoro usar a palavra "deveras"). No meu interesse mais do que despretensioso pelo assunto, aumentei o volume e prestei a mínima atenção. Papo vai, papo vem, o doutor lá disse que - pelo que entendi, tenho varicocele. Oh, Deus... varicocele! Corrí prá internet pra pesquisar (assim como irão fazer pra tirar sarro de mim, mas eu já disse que orgulho é algo que não tenho, mesmo). Pra facilitar, trata-se de umas veias que saem das bolas um pouco mais grossas do que o habitual. Isso pode causar infertilidade e se não for tratado até uns 30 anos de idade, o caboclo pode sair passando a vara em tudo e todos sem se preocupar com o nascimento de um rebento. É isso, formal e sinteticamente falando. Depois de 99% dos amigos consultados terem dito que me invejavam pela sorte que tenho, inclusive mulheres (pra meu absoluto espanto), fui procurar um médico. Um homem ir ao urologista é algo muito delicado. Mulher se acostuma com isso desde que escorre o melado pela primeira vez na vida. Nós não, só aparecemos nesse tipo de médico quando já temos uns 50 anos, e ainda por cima, pra levar uma dedada na cloaca. Cheguei em cima da hora e me sentei ao lado de um bando de velhos. "O que esse porrinha tá fazendo aqui?", me indagavam com olhares.

- Rafael Maga... Magalhã... Magalhães?
- É, eu!
- Escreveram seu nome errado na carteirinha...
- Mesmo? Como?
- RAFAEL MAGALHÇES
- Mas não dá pra entender?
- ...
- ...
- Sala 3, segunda à esquerda!

Logo na porta, um cara novo. Devia ter uns 30 anos, chutando alto. E isso era uma merda maior ainda, porque aposto que nem mesmo ele jamais tinha ido no urologista.

- Opa, vamos entrar...
- Hã?! Onde?!?!
- Aqui mesmo, senta aí.
- Ahhh!!! Ah... ah, tá... sei...
- Então, Rafael... o que há?
- Uma suspeita aí (e expliquei a coisa toda)
- Tudo bem. Sobe alí na escadinha e ABAIXA AS CALÇAS.

Juro pelos Ramones que pensei seriamente em sair avoado pela janela em total desespero. Po, faz um bom tempo que não "encaro" ninguém, tem que ser logo um macho? Mas...

[apalpa, apalpa - sofre, sofre]
- Pôe a mão na boca e assopra com força...
- Oi? Prá que?!
- Faz!
- "pffff..."
- Tá bom. Certo. Aham, você tem mesmo. Mas não parece ser nada grave.

Recebí uma guia para um exame. "Espermograma". Que beleza, eu teria de gozar num copo em pról de sei lá o que! Cinco dias de abstinência depois, lá estava eu no laboratório, ótimamente situado no Largo 13 de Maio, o local com a maior concentração de camelôs e gente bonita do planeta.

- Rafael, né? Prazer, Cínthia!
- Prazer...
- Vamos fazer o exame?
- Vamos...?
- Leva esse frasco pro banheiro, e... faz lá! Depois me trás de volta.
- Ah, claro...aham, tá bem... to indo...

O banheiro era o cubículo mais deprimente do mundo. Fechei as 3 portas com chave, me acomodei...

"- Zééééé, passa a caaaal!"

Legal, havia uma reforma nos fundos do banheiro, bem atrás da janela. Interessante e muito excitante, com certeza. Nem um anúncio de lingerie havia naquela porcaria. O sofrimento seria mais absurdo do que imaginava...
Dez minutos depois, suado e me sentindo um lixo, saio da "casinha" e levo o pote para a tal Cínthia:

- ...aê...
- Pronto... agora volte semana que vem e busque o resultado. Boa sorte!
*Sorte? Qualé?!*
- Ah... brigado... ah...

Mas sou "normal". Mesmo tendo escrito isso na internet prá... er... bem, eu sou normal!
Posso ter filhos normalmente.
Vai que um dia eu consigo finalmente me casar com uma mulher bem rica, o cabresto será necessário!

Agora dá licença, que vou tomar banho.
DE VERDADE!

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